domingo, 29 de abril de 2012

Acupuntura, remédios e fisioterapia: saiba como tratar a dor de cabeça


Neurocirurgião propõe tratamento multidisciplinar com auxílio psicológico

A partir do momento que uma simples dor de cabeça vira uma patologia há que se buscar um tratamento sério para erradicar não o sintoma, mas a doença.
Globo Ciência: Dor de Cabeça - Acupuntura (Foto: Divulgação)Acupuntura: prática regulariza o sono do paciente
com dor e atua diretamente no cérebro
(Foto: Divulgação)
Para o neurocirurgião Alexandre Amaral, professor adjunto de Neurocirurgia do Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas e diretor médico do Centro Disciplinar da Dor, o que pode trazer a cura de dores crônicas, como a dor de cabeça, é um modelo multidisciplinar que engloba acupuntura, fisioterapia, remédios e atendimento psicológico.

O paciente com cefaleia tensional (dor de cabeça causada por tensão muscular), por exemplo, pode experimentar um sono ruim, e, em determinados casos, fobia social e depressão. “A acupuntura regulariza o sono, relaxa a musculatura e consegue mexer no ciclo biológico do doente, fazendo com que relaxe, respire melhor e tenha um sono mais profundo. Essa é a única forma conhecida através da qual conseguimos atuar diretamente no cérebro do paciente. No entanto, não podemos nos considerar Deus e achar que resolveremos tudo com uma ação apenas. Uma psicóloga especialista em dor pode atuar no sistema nervoso central de modo que o paciente libere endorfina, provocando o controle da dor pelo próprio corpo”, explica.
Globo Ciência: dor de cabeça- neuroestimulado occipital (Foto: Divulgação)Neuroestimulador occipital (Foto: Divulgação)
É comum os pacientes com dor de cabeça terem distensão no pescoço e na coluna cervical. Para melhorar este aspecto, o fisioterapeuta atua corrigindo os pontos de tensão muscular e ajudando na liberação da musculatura que comprime os nervos responsáveis pela irradiação das dores para a cabeça. A acupuntura, a fisioterapia e o atendimento psicológico, além de medicamentos moduladores, que têm uma propriedade específica evitando o desencadeamento da dor, são elementos que juntos fazem com que o paciente tenha um controle da dor e uma qualidade de vida muito melhor.

“Quando a dor se torna rebelde a tudo isso, como em pacientes que sofrem há muito tempo e já tentaram todos esses tratamentos, podemos fazer procedimentos minimamente invasivos, como o implante de microchips na parte externa da cabeça, os chamados marca-passos neurológicos, que conseguem controlar a dor da cabeça através de estímulos elétricos”, explica.

O marca-passo é um microcomputador (neuroestimulador) implantado na região occipital (da nuca), responsável por um estímulo elétrico no nervo responsável pelo controle da dor de cabeça. Essa cirurgia é geralmente coberta por planos de saúde. Segundo Alexandre Amaral, a eficácia é grande; 90% das pessoas que fazem a cirurgia ficam muito satisfeitos com o controle da dor e o retorno da qualidade de vida.
Fonte: G1

segunda-feira, 23 de abril de 2012


Empreendedorismo: Uma saída e um desafio para a Fisioterapia

            Há algum tempo fiz uma viagem, onde tive a oportunidade de conhecer um grupo composto por 4 jovens que começavam a empreender um negócio na Fisioterapia, nascido de um sonho conjunto.
Contaram-me a ideia que tiveram e como estavam preparando-se para essa empreitada.   Durante nossa conversa, relataram-me que buscaram informações e aconselhamentos com profissionais mais experientes. Um deles procurou ressaltar os pontos negativos e de certa forma desestimulá-los, enquanto outro forneceu orientações e apontou estratégias para prosseguirem com seu planejamento, tentando transformar um mero sonho em uma meta possível.
            O mais legal dessa “rapaziada” é que eles estavam fazendo tudo certo. Visitando serviços de sucesso, estabelecidos em outros estados, buscando a assistência de profissionais especializados para montar o projeto do negócio, além de participar de cursos promovidos por entidades de fomento a novos negócios.
            Outra coisa que chamou bastante a atenção é que cada um apresentava competências especificas, fato que os diferenciava e os tornava mais forte como grupo. Um já apresentava capacitação na área de interesse, outro detinha competência para lidar com os aspectos burocráticos e financeiros, um terceiro apresentava-se como um negociador em potencial, além da relevante rede de contatos profissionais do quarto membro do grupo. Além de tudo isso, a meu ver, eles possuíam o elemento mais importante para quem deseja empreender: foco.

 Por que tantos negócios ligados a Fisioterapia fracassam ou se mantêm de forma muito tímida?
            Existem várias possíveis respostas para essa pergunta, as quais abrangem desde a estrutura de mercado até as relações sociais, como apresentado pelos autores Daniel Jardim Pardini, Márcio Meira Brandão e Gustavo Quiroga Souki, no artigo intitulado COMPETÊNCIAS EMPREEDEDORAS E SISTEMA DE RELAÇÕES SOCIAIS: A DIÂMICA DOS COSTRUTOS A DECISÃO DE EMPREEDEDORRES NOS SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA, apresentado por ocasião do XXXI EnANPAD, realizado no Rio de Janeiro em 2007.
            Mas vamos destacar alguns: falta de competência na gestão, pouca informação sobre o mercado, pouca capacidade de empreender para assumir riscos e visualizar soluções para necessidades de um determinado público-alvo, além da falta de planejamento. Esses pontos podem ser corrigidos ou atenuados por meio de consultoria, estudando e analisando o mercado, pesquisando. No entanto, existe um problema cuja resolutividade depende do próprio empreendedor: a falta de comprometimento com o empreendimento.
            Muitas vezes, por não se tratar da sua principal fonte de receita, o empreendedor relega seu negócio a segundo plano, dedicando-se em demasia às atividades paralelas. O que percebo é que muitas vezes os profissionais têm uma série de atividades, dedicando-se muito bem a elas, mas quando são solicitados a atuar no seu próprio empreendimento, deixam muito a desejar.
            Certas vezes, até a cobrança familiar é seletiva: se o profissional estiver em uma ação de um negócio de terceiro, aceita-se a ausência do familiar de forma mais natural, no entanto, se a ausência das atividades familiares for por conta do seu próprio empreendimento a família não perdoa, a cobrança é violenta. Presenciei um exemplo disso no passado, envolvendo um casal amigo: A esposa perguntou: “se você encabeça o negócio, por que você precisa ir?”, felizmente o marido respondeu: “exatamente porque encabeço o negócio!”. Talvez por pensar assim ele hoje está muito bem posicionado no mercado de trabalho, enquanto escrevo esse post as pressas, ele tem uma secretária para digitar os textos ditados por ele.
            Curiosamente, quando olhamos os bons e poucos exemplos de empreendimentos em Fisioterapia que deram certo, falo dos que têm rentabilidade e são capazes de gerar valor para seus proprietários, verificamos que são exatamente aqueles negócios onde os empreendedores “mergulharam de cabeça”.
            Se pudesse dar um conselho aos 4 jovens diria: Não se assustem como os vários exemplos de negócios mal sucedidos, utilizem-nos como referência para correção de possíveis erros, melhorem as estatísticas dos exemplos de sucesso. Entrem de cabeça!!!


Cônicas de um Fisioterapeuta.
Post semanal 
Comentários cronicafisio@gmail.com

quinta-feira, 19 de abril de 2012


CONCURSO

A prefeitura de Camaragibe abre inscrição para concurso público, as inscrições irão até o dia 16 de maio.


CARGO: FISIOTERAPEUTA
 REQUISITOS: Diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso superior em Fisioterapia em nível de graduação, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação e registro no Conselho Regional Competente.
 ATRIBUIÇÕES: Prestar assistência fisioterapeutica (Anatomia; Fisiologia; Neurologia, Ortopedia; Fundamentos de Fisioterapia, Cinesioterapia, Fisioterapia aplicada à neurologia – infantil e adulto, fisioterapia aplicada à ortopedia e traumatologia, fisioterapia aplicada à ginecologia e obstetrícia, fisioterapia aplicada a Pneumologia); atender consultas em ambulatórios, hospitais e unidades volantes; examinar casos especiais e serviços especializados; preencher relatórios mensais relativos às atividades do emprego; participar de programas e pesquisa em Saúde Pública e/ou Coletiva; e executar tarefas correlatas, inclusive as editadas no respectivo regulamento da profissão. Efetuar prescrição de tratamentos sob orientação médica especializada através de diversas modalidades terapêuticas, mecanoterapia, cinesioterapia, massoterapia, crioterapia e termoterapia; examinar pacientes, fazer diagnósticos, prescrever e realizar tratamentos de fisioterapia; requisitar, realizar e interpretar exames; orientar e controlar o trabalho dos auxiliares de saúde; estudar, orientar, implantar, coordenar e executar projetos e programas especiais de saúde pública; desempenhar tarefas afins.
REMUNERAÇÃO: R$ 1.313,65.
JORNADA DE TRABALHO: 30 (vinte) horas semanais

terça-feira, 17 de abril de 2012


Lugar em aprovação!

CURSO PREPARATÓRIO PARA RESIDÊNCIA EM FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA E EM FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA.
Faça o preparatório que aprovou 50% na última seleção para Residência da Secretaria de Saúde incluindo o 1° LUGAR!!!!!!
Objetivo:
Preparar fisioterapeutas e estudantes de fisioterapia para os Concursos de Residência em Fisioterapia Respiratória e Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva.
Público Alvo:
Fisioterapeutas e Estudantes de Fisioterapia do último período
Os especialistas em aprovação
Profa. Andrezza Lemos,
Fisioterapeuta da UTI do Hospital Agamenon Magalhães
Prof. Cláudio Albuquerque,
1° lugar no Concurso do Hospital das Clínicas
Prof. Fabrício Olinda,
Especialização em Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva
Prof. Flávio Maciel,
Fisioterapeuta da UTI do Hospital da Restauração
Prof. Silano Souto Mendes Barros,
Fisioterapeuta da UTI do Hospital da Restauração

Horário:
Aulas nas quartas-feiras e quintas-feiras no horário de 19 às 22 horas.
Início: 05/09/2012
Término: 05/12/2012
Valor do Investimento:
R$ 650,00 à vista ou em 4 parcelas de R$ 185,00 no cheque*
*O último cheque deverá estar quitado até o dia 01 de dezembro de 2012.
Maiores informações:
contato@exitusolucoes.com.br ou pelos telefones: 3048-7300 / 8402-8037 / 9683-8364.
Acesse: exitusolucoes.blogspot.com

domingo, 8 de abril de 2012


Por que insistimos em ser o problema e não a solução?

Essa semana, durante um almoço bastante agradável com amigos começamos a debater a nossa situação frente ao mercado de trabalho, dentro de nossos serviços e na sociedade.

Conversa vai, conversa vem, um amigo faz algumas colocações a cerca do que nós queremos ser enquanto profissionais e comenta: “Por que o médico pode trocar plantão à vontade? Por que ele não paga estacionamento no seu local de trabalho? Por que ele tem vários privilégios frente a outros profissionais de saúde?” Logo em seguida, ele arremata: “Porque para os hospitais, os médicos são clientes e não funcionários. Alguns irão dizer que é uma questão de oferta e demanda, mas não é só isso. Os médicos atuam como clientes internando seus pacientes nas dependências do hospital, gerando exames, além de outros tantos serviços que trazem receitas e resultados.”
E nós? O que geramos de valor? Temos instrumental para mensurá-lo? Se não geramos receitas, reduzimos custos? Certa vez, em sala de aula, um renomado professor afirmou que, para nossa sorte, somos “muito baratos”, permitindo aos hospitais manter-nos como um serviço “complementar” para os pacientes.
Quando deixamos de atender nossos pacientes, quando montamos os chamados “esquemas” para burlar as escalas, quando não geramos resultados positivos, afirmamos que isso se dá pela baixa remuneração. No entanto eu pergunto: Quanto você acha que merece ganhar?! Qual o tipo de reconhecimento profissional que espera?! Não pense no reconhecimento advindo da equipe multidisciplinar do seu serviço, dos seus colegas de profissão ou da sociedade em geral, mas no autorreconhecimento! Faça um exame de consciência, você não precisará falar para ninguém. Quanto você pagaria a você mesmo pela sua atuação como profissional? Essa é a pergunta!!!
Aproveitando, faça outra análise: Quando há um problema em seu serviço, você pensa em soluções e as expõe, ou omite-se? Você observa nessa situação uma oportunidade para obter uma solução apenas para o “seu” problema? Apenas para você? Ou visa melhorias para coletividade?
Certa vez, durante um curso que realizei, o professor dizia: “As pessoas pagam, mas pagam para ser felizes” e sentenciava: “Ninguém quer pagar para ter problemas, mas sim para obter soluções.” Isso pode parecer piegas, mas você paga seu plano de saúde suplementar para ter dor de cabeça? Paga ao lava jato para ser aborrecer? Vai a um restaurante para ficar chateado? Podem até ocorrer acidentes de consumo, mas você paga para obter soluções, independentemente do valor pago.
            O ideal seria que nós gerássemos valor, ou seja, solução para os clientes dos nossos clientes, como afirma o autor José Carlos Teixeira Moreira. Nossos primeiros clientes são os médicos e as unidades hospitalares, pois são eles que na maioria das vezes encaminham-nos os pacientes.
            Lembram do famoso professor citado do terceiro parágrafo? Ele também citou um case de como gerar valor para o cliente do cliente, de um serviço coordenado por ele em um grande hospital de outra região do país. Um fisioterapeuta detinha know how em uma determinada técnica e resolveu aplicá-la em pacientes bem selecionados, além de prover assistência aos acompanhantes dos pacientes de forma gratuita e com agendamento prévio. Como estratégias para promover esses serviços extras, diversas ações de marketing foram desenvolvidas (caminhadas, atendimentos em grupos, desenvolvimento de folhetos explicativos, etc).
            Ao final de três meses, o que tinha começado de forma tímida, envolvendo poucas pessoas, passou a contar com vários participantes, obteve patrocínio do restaurante do hospital, elevou a percepção de qualidade do hospital por parte dos familiares e acompanhantes, gerou uma nova fonte de receita para a instituição, a qual passou a cobrar das operadoras de saúde pelas técnicas utilizadas com os pacientes, enalteceu a imagem do Serviço de Fisioterapia, originou uma demanda de pacientes particulares para esse profissional, contribuindo para a garantia de sua empregabilidade.
            Pense nisso: Por que ser um problema se podemos gerar soluções?

Crônicas de um fisioterapeuta
Post semanal
Comentário e sugestões:
cronicafisio@gmail.com

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Implantes de silicone: saiba como tudo começou, há 50 anos - BBC Brasil

Claire Bowes & Cordelia Hebblethwaite*
BBC World Service

Implante de próteses mamárias é 2ª cirurgia plástica mais realizada ao redor do mundo

Timmie Jean Lindsey, uma americana mãe de seis filhos, foi a primeira mulher a receber um implante de silicone para aumentar o tamanho dos seios, em 1962.
Cinquenta anos depois, a operação realizada no hospital Jefferson Davis, em Houston, no Estado do Texas, tornou-se a segunda cirurgia plástica mais popular no mundo, com 1,5 milhão de procedimentos somente em 2010, perdendo apenas para a lipoaspiração.

Mas foi em 2010 que os implantes de silicone tornaram-se alvo da maior polêmica desde a operação pioneira cinco décadas antes. As próteses da francesa Poly Implant Prothese (PIP) foram proibidas em dezenas de países, a empresa foi fechada e seu dono teve prisão decretada pela Justiça da França, após a descoberta de que elas continham silicone industrial que poderia causar câncer e que tinham alto risco de ruptura.Difundidas internacionalmente, as próteses de silicone não ficaram isentas de problemas e riscos à saúde no decorrer de sua história. Nos anos 1990, os EUA chegaram a banir a cirurgia por suspeitas de que o material pudesse causar uma doença do sistema imunológico.
No Brasil, a importação de próteses está suspensa pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde o dia 22 de março até que o Inmetro crie um sistema de avaliação de qualidade e os fabricantes passem pelos testes para obter um selo de aprovação.



Para a pioneira Timmie Jean Lindsey, no entanto, o procedimento trouxe muitos benefícios.
"Eu achei que eles tinham ficado perfeitos (...) Eu os sentia tão macios, igual a seios de verdade", diz a pioneira, atualmente com 80 anos.
"Mas só me dei conta do resultado mesmo quando saí na rua e percebi que os homens assobiavam para mim", relembra.
Embora a operação tenha melhorado sua autoconfiança – e ela gostou de receber mais atenção - Timmie nunca tinha pensado em aumentar o tamanho dos seios.
O motivo de sua ida ao hospital era inicialmente a retirada de uma tatuagem nos seios, e foi aí que os médicos responsáveis pela operação lhe questionaram se ela gostaria de participar da primeira tentativa de implante de silicone da História.
Mas, em matéria de cirurgia estética, outra parte do corpo incomodava mais Timmie. "Eu estava mais preocupada em colocar minhas orelhas para trás (...) Elas se destacavam muito, eu parecia o Dumbo! E eles me disseram 'faremos isso também'".
Ambiciosos, os cirurgiões pioneiros Frank Gerow e Thomas Cronin foram em frente com o procedimento, mas a ideia inicial foi apenas de Gerow.
"Frank Gerow apertou uma bolsa plástica com sangue e observou o quanto isso se parecia com um seio de uma mulher", indica Teresa Riordan, autora do livro Inventing Beauty: A History of the Innovations that have Made Us Beautiful ("A Invenção da Beleza: Uma História das Inovações que nos Tornaram Belas", em tradução livre).
"E aí ele teve aquele momento de 'eureka', quando concebeu a ideia do primeiro implante mamário", diz.

Cobaia

A primeira cobaia para o implante de silicone foi uma cadela chamada Esmeralda, e o princípio básico por trás do protótipo era simples.




"Um foguete decola com uma elevação e um forte impulso, a mesma coisa serve para o aumento dos seios", diz Thomas Biggs, que trabalhava com Gerow e Cronin em 1962 como residente em cirurgia plástica.
"Eu fiquei encarregado da cadela. O implante foi colocado embaixo da pele e deixado ali por duas semanas, até ela mastigar os pontos e a prótese teve que ser removida", relembra.
A operação foi considerada um sucesso e Gerow declarou que os implantes eram "tão inofensivos quanto a água". Pouco depois, sua equipe começou a procurar por mulheres dispostas a testar a novidade.
Primeira a aceitar, Timmie Jean Lindsey tem apenas uma vaga lembrança do dia da operação.
"Quando fui para a sala de recuperação sentia apenas bastante peso no meu peito, como se algo pesado tivesse sido colocado ali. Foi mais ou menos isso. Depois de uns três ou quatro dias a dor havia passado".
O residente Biggs dividiu com o resto da equipe a animação pelo sucesso do procedimento, mas não tinha ideia do que eles tinham acabado de descobrir.
"Claro que foi um pouco empolgante, mas se eu tivesse um espelho para o futuro, teria ficado estupefato. Eu não era sábio o suficiente para perceber a magnitude daquilo", conta.

Impacto da inovação

Um ano depois, em 1963, o real impacto da novidade começou a ser percebido quando a equipe apresentou seus resultados à Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. "O mundo da cirurgia plástica ficou absolutamente 'em chamas' de entusiasmo", diz Biggs.
Nos Estados Unidos, o momento da inovação não poderia ter sido melhor. O fim dos anos 1950 foi repleto de referências culturais que levavam a um ideal de seios grandes.

O silicone no mundo

Por número de operaçõesRanking per capita
1. Estados Unidos1. Brasil
2. Brasil2. Grécia
3. México3. Itália
4. Itália4. Colômbia
5. China5. Estados Unidos
6. Colômbia6. França
7. Índia7. México
8. França8. Venezuela
9. Japão9. Austrália
10. Alemanha10 Canadá

Fonte: Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (2010)
A revista Playboy e a boneca Barbie eram lançamentos recentes, e as estrelas de Hollywood também contribuíram para a criação dessa imagem.
"O look 'peitudo' de Marilyn Monroe e Jane Russel e também o novo look da Dior de 1957 realmente enfatizavam esta silhueta curvilínea, e começou a despertar nas mulheres o desejo de aumentar os seios", diz a autora Teresa Riordan.
Os "falsies", sutiãs com enchimento, ganharam popularidade, mas cada vez mais as mulheres queriam algo mais.
Nos anos anteriores, diferentes técnicas tinham sido experimentadas. Durante a década de 1950, médicos começaram a usar implantes de esponjas, e alguns dizem até que Marilyn Monroe teria passado pelo procedimento, embora a informação nunca tenha sido confirmada oficialmente.
O material, no entanto, não tinha durabilidade. As esponjas logo encolhiam e se tornavam "duras como bolas de baseball", conta o então residente Thomas Biggs.

Silicone

A fascinação americana por artigos artificiais e de plástico na época do pós-guerra também favoreceu o silicone como um forte candidato a ser o material da vez, embora tenham sido prostitutas japonesas as primeiras a testarem o produto para aumentar seus seios.
Determinadas a faturar com os soldados dos EUA durante a ocupação do Japão, elas injetavam silicone roubado no porto de Yokohama diretamente nos seios.
seios riscos
Nos anos 1990, a agência americana que regula a aprovação de medicamentos, FDA, baniu os implantes de silicone no país devido ao risco de uma doença do sistema imunológico. Os implantes salinos –solução salina dentro de uma cápsula de silicone- continuaram a ser vendidos.
As indústrias fabricantes de próteses pagaram muitas indenizações, mas estudos afastaram os temores e os implantes voltaram a ser permitidos no país.
Em 2010, as próteses produzidas pela francesa Poly Implant Prothese (PIP) tornaram-se alvo de acusações e polêmica por usarem silicone que deveria ser usado em colchões, construções, eletrônicos e petroquímicos. Foi comprovado ainda que os implantes continham aditivo usados em combustíveis não liberados para o uso clínico, que poderiam causar câncer. A empresa foi fechada no mesmo ano.
No ano seguinte, o governo francês revelou que as próteses da marca tinham um risco de ruptura maior do que o normal, e aconselhou as 30 mil mulheres que tinham o implante a retirá-los em procedimentos cirúrgicos. Outros países fizeram o mesmo, e o dono da empresa foi preso.
Acredita-se que cerca de 400 mil mulheres em 65 países tenham colocado implantes da PIP, fabricante criada em 1991 que tornou-se a terceira maior do mundo no setor.


As injeções tinham um efeito colateral conhecido como "silicone podre", em que a área ao redor da aplicação poderia chegar a gangrenar.
Em solo americano, as primeiras tentativas eliminaram o problema mas ainda tinham que lidar com hematomas, casos de infecção e "contrações capsulares fibrosas", termo técnico para um tipo de cicatriz que se formava em algumas mulheres, endurecendo os implantes.

Avanços

As inovações em torno do procedimento foram constantes nos últimos 50 anos. Além de imagens 3D, e implantes mais modernos, novos tamanhos foram criados.
"Nos primeiros anos, tínhamos apenas quatro possibilidades de tamanho – grande, médio, pequeno e petite. Agora temos mais de 450", diz Biggs.
Ao redor do mundo, a cirurgia para o aumento dos seios é a segunda mais popular. Em muitos países, no entanto, chega ser primeira. É o caso da Grã-Bretanha.
No ranking de número de mulheres a fazerem a cirurgia, o Brasil fica em segundo, perdendo apenas para os EUA. Já na proporção de operações per capita, o Brasil assume o primeiro lugar.
Além do aumento dos seios, a prótese tem utilidade nos casos de mulheres que passam pela mastectomia – retirada de um ou dos dois seios em casos de câncer de mama e outras doenças - finalidade que também motivou os pioneiros Frank Gerow e Thomas Cronin em suas experiências.
Por muitos anos após a operação, Timmie Jean Lindsey não contava às pessoas que tinha colocado próteses de silicone. Um namorado, por exemplo, nunca percebeu o implante. Os amigos e familiares da pioneira só foram informados décadas depois.
Cinquenta anos mais tarde, ela ainda fica maravilhada com os resultados. "Pensei que eles fossem ficar bem consistentes, mas não, eles são como seios normais, e começam a perder tônus com o passar dos anos. Isso me surpreendeu. Eu achei que eles ficariam sempre no mesmo lugar", explica.
Mesmo assim ela se diz muito feliz por ter feito parte da história. "É muito legal saber que eu fui a primeira", diz.

Escândalo PIP

Em março de 2010 a fabricante de implantes Poly Implant Prothese (PIP) foi fechada na França após descobrir-se que suas próteses continham silicone industrial não liberado para uso médico, que pode provocar câncer.
Seu dono, Jean-Claude Mass, de 72 anos, foi preso durante as investigações e depois libertado, mas voltou a ser detido em março deste ano após não conseguir pagar a fiança de 100 mil euros (R$ 230 mil). Ele admitiu ter usado o silicone impróprio por ser "mais barato e melhor" e insistiu que eles não são perigosos.
O caso ganhou dimensão internacional em dezembro de 2011, quando o governo francês aconselhou que todas as 30 mil mulheres com as próteses da marca no país deveriam retirá-las em procedimento cirúrgico, como medida preventiva.
Até então a terceira maior fabricante mundial de implantes, a PIP, fundada em 1991, produziu ao longo de quase 20 anos próteses usadas por 400 mil mulheres em 65 países.
Muitos países também aconselharam que os implantes mamários da marca fossem removidos, e ainda há controvérsias científicas, mas estudos indicaram que as próteses da PIP apresentam um risco de ruptura maior do que permitido por lei e que os produtos usados em sua fabricação são cancerígenos.

Em busca de seios maiores

Projeto para protetor de seios de 1864, invenção de Eleanor M. Marshall, patente americana 43321
Injetáveis – A parafina foi testada nos anos 1980, mas rapidamente caiu em desuso porque vazava para outras partes do corpo
Transplantáveis – Nos anos 1920 e 1030 médicos tentaram remover gordura de outras partes do corpo e enxertá-las nos seios
Inseríveis – Poliuretano, cartilagem, esponjas, madeira e até bolas de vidro foram experimentadas nos anos 1950
Soluções não cirúrgicas – Bombas de vácuo, aparelhos de sucção, uma gama de loções e poções, e sutiãs com enchimento
Fonte: Inventing Beauty: A History of the Innovations that have Made Us Beautiful


* Com informações adicionais da redação da BBC Brasil em São Paulo.

Fonte: BBC Brasil